terça-feira, 29 de setembro de 2015

Talvez

Talvez eu fique ou talvez eu simplesmente parta sem olhar para trás. Eu sei que hoje nada mais me prende a você... Vivemos tudo que tínhamos para viver, nos magoamos, nos confessamos, nos odiamos e nos amamos mutuamente, eu fiz de você o meu céu e  o meu inferno, inverno longo, verão escaldante, primavera viva, um outono seco...
Quem sabe você um dia pense em mim, pense em nós e entenda o que realmente fomos, somos ou nos tornamos a partir de hoje, você olhe e entenda esse meu grito de basta, esse meu desespero calmo, essa minha tempestade tardia, você me diga que valeu a pena ou que ainda vale, que tomemos mais um dose de conhaque, que nos aqueçamos nos braços um do outro e me peça que esqueça a mala perdida no quarto e vá como uma gata arisca e ressabiada, sentar-se ao seu lado...
Talvez e só talvez hoje eu parta, deixando para trás o seu olhar, o meu olhar, os sussurros e gemidos trancados no nosso ser, segredos esquecidos, segredos doados, segredos vividos por nós dois...
Eli Matoso

terça-feira, 8 de setembro de 2015